quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Juliano Moreira e a humanização.


Juliano Moreira nasceu em uma família pobre, no dia 6 de janeiro de 1873, em Salvador. Muito jovem, em 1886, entrou na Faculdade de Medicina. Formou-se aos 18 anos, portanto antes da abolição da escravatura. Em 1891, tornou-se professor dessa mesma faculdade e, na época, já tinha trabalhos publicados em várias revistas científicas na Europa. De 1895 a 1902, freqüentou cursos sobre doenças mentais e visitou muitos asilos europeus (na Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Escócia).
De 1903 a 1930, dirigiu o Hospício Nacional dos Alienados, no Rio de Janeiro. Ele se alinhava às correntes que então representavam a modernização teórica da Psiquiatria e da prática asilar. Durante sua gestão, conseguiu humanizar o tratamento dos pacientes, abolindo a camisa de força e as grades de ferro nas janelas.
Um aspecto importante em sua obra foi sua explícita discordância quanto à atribuição da degeneração do povo brasileiro em função da miscigenação racial. Moreira, ao contrário de Nina Rodrigues, defendia que as doenças nervosas e mentais eram causadas por fatores como o alcoolismo, a sífilis, as verminoses e as condições sanitárias e educacionais adversas. Além de aumentar a abrangência da Psiquiatria no país, Juliano iniciou uma nova abordagem da loucura. Ele foi o primeiro no Brasil a atribuir características físicas (lesões dos nervos e do cérebro) e psicológicas (desordens intelectuais e afetivas) às doenças mentais. Foi grande divulgador das idéias de Freud.
Juliano Moreira foi o primeiro psiquiatra brasileiro a receber reconhecimento internacional. Participou de muitos congressos médicos e várias vezes representou o Brasil no exterior. Foi membro de diversas sociedades médicas e antropológicas internacionais e fundou, em colaboração com outros médicos, os periódicos Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal (1905), Arquivos Brasileiros de Medicina (1911) e Arquivos do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro (1930). Foi fundador da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal em 1907, e da Academia Brasileira de Ciências, em 1917.
Juliano faleceu em 2 de maio de 1933, no Rio de Janeiro.
Para saber mais:
www.abc.org.br
Lopes, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora africana. SP: Selo Negro, 2004
Santos, Joel Rufino dos (orgs). Revista do Patrimônio (IPHAN) n 25
Santos Filho, Lycurgo de Castro. História Geral da Medicina Brasileira. SP: Hucitec
Referências bibliográficas:
Carvalhal LA. Loucura e Sociedade: o pensamento de Juliano Moreira (1903-1930) [monografia de bacharelado em História]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1997.
Passos A. Juliano Moreira (vida e obra). Rio de Janeiro: Livraria São José; 1975.
Moreira J. A luta contra as degenerações nervosas e mentais no Brasil (comunicação apresentada no Congresso Nacional dos Práticos). Brasil Médico 1922;II:225-6.
Moreira J. Notícia sobre a evolução da assistência a alienados no Brasil (1905b). Arq Bras Neuri Psiquiatr 1955; edição especial.
Dalgalarrondo P. Cartas de Juliano Moreira a Emil Krae.pelin. In: Civilização e Loucura: Uma Introdução à História da Etnopsiquiatria. São Paulo: Lemos; 1996. p.117-24.







fonte: http://www.acordacultura.org.br/main.asp?View={EC5CAD8E-DA92-4DAA-A221-194D8C975D13}&Team=¶ms=itemID={F5086B88-6E2E-452D-A73A-11880976669F}%3B&UIPartUID={3FF15327-3210-469B-A8B4-5DD603C2FB93}
http://www.cliopsyche.uerj.br/arquivo/juliano.html

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